domingo, 11 de julho de 2010

Uma nova guerra dos browsers?


A Primeira Guerra dos Browsers (1993/1999)

mosaic
Tudo começou lá na década de 90. Depois dos computadores serem ligados em redes, a comunicação entre os humanos tomou um novo rumo, nascia um novo universo, incrível e surrealista, a World Wide Web.
A internet, representada na sua interface gráfica chamada World Wide Web começou de forma muito simples. Os pouquíssimos site da época resumiam-se a textos e links para mais textos, em sua maioria de conteúdo acadêmico. A primeira impressão era de que ninguém daria bola para a rede mundial de computadores, a não ser alguns geeks! E foi justamente um desses geeks que iniciaria a primeira revolução em rede. O estudante de Ciência da Computação da Universidade do Illinois chamado Marc Andreessen acreditava que um dia, pessoas comuns como eu e você teríamos praticamente toda nossa vida atrelada a internet. Nossas compras, nossos compromissos, nosso trabalho e até a comunicação com nossas famílias e nossos amigos, tudo isso estaria na rede. E me parece que ele não estava errado!
O que Marc Andreessen fez para mudar o rumo da internet era um software chamado Mosaic. O Mosaic foi o primeiro browser que reconhecia uma linguagem (Gopher) onde fosse possível inserir imagens, vídeos e som aos site. Lançado em 1993, foi uma dádiva à humanidade, o download era gratuito! Marc enviou o Mosaic para 12 pessoas do seu grupo de noticias (isso quando o chat era top das Usenets e BBS como a Mandic aqui no Brasil - época da internet via FTP e Telnet). O Mosaic se espalhou como um vírus pulando de 12 amigos de Marc para mais de um milhão de usuários e assim a Internet deixava ser de ser coisa de geek para se tornar a mais poderosa mídia que a humanidade já conheceu.
Enquanto isso no Vale do Silício (Califórnia), o milionário e fundador da Silicon Graphics, Jim Clarke, percebeu que o tal Mosaic, que um bando de moleques tinha feito de brincadeira na faculdade, tinha futuro. Clarke ligou para Andreessen e mesmo sem saber como ganhar dinheiro, Clarke investiu milhões em Andreessen e seus amigos e assim nascia a Netscape Communications.
O Mosaic foi reescrito sendo lançado com o nome de Netscape Navigator. E seu sucesso foi supremo.
netscape navigator
Nessa mesma época, o pessoal de Wall Street também começava a inventar uma maneira para que empresas nascidas na Internet ganhassem dinheiro, logo, criaram bolsa de valores eletrônica conhecida como Nasdaq, resolvendo assim o problema de Clarke. Foi inevitável, assim que a Netscape abriu seu capital ao público Clarke, Andreesen e seus pupilos geeks se tornaram os primeiros multi-milionários da era da Internet.
O que o mundo todo se perguntou foi: Onde estaria a toda poderosa Microsoft e Bill Gates? Estaria Gates dormindo no ponto?
Bem, digamos que sim. Gates era um dos que achava que a Internet seria apenas um brinquedo para geeks, e pior, achava que a Microsoft teria comando sobre a internet cobrando o acesso e o uso da rede.
Mas é claro que Bill Gates acordou quando percebeu o sucesso fenomenal da Netscape. Cabeças rolaram na Microsoft e enfurecido, Gates, o homem que já havia massacrado empresas como a Lotus, a MicroPro (Wordstar), a Borland (que renasceu com o Delphi) e até mesmo a IBM, deu a ordem: "Desenvolvam um browser, não apenas para competir com a Netscape, a diretriz é "destruir" a Netscape."
Internet Explorer
Para não estender muito, não falarei das maneiras (quase criminosas) que a Microsoft usou para impor o Internet Explorer ao mundo, mas o fato é que, com 80% dos computadores do mundo rodando MS Windows na época, e com o Internet Explorer sendo distribuído gratuitamente, não foi difícil bater a Netscape. O golpe final veio com a volta de Steve Jobs à Apple. Para salvar a companhia, Jobs precisava de parceiros, e mais que isso, do dinheiro deles. Em 1997 Gates investiu 150 milhões de dólares para salvar o "inimigo" Steve Jobs e em troca os computadores Mac saiam de fábrica com o browser da Microsoft (Além do pacote Office ser distribuído para o Mac OS - Esse acordo durou até 2003). Durante a ComdexCom de 1998, os desenvolvedores do IE tiveram a ideia de jogar um logo do IE de uns 3 metros de altura em uma fonte que ficava na porta da Netscape Communications. Era o fim da Netscape e da primeira guerra dos browsers!
A Microsoft destruíra a Netscape e ganhava a primeira guerra dos browsers, mesmo tendo depois uma derrota nos tribunais americanos por conta da quebra da lei Anti-Truste e do monopólio que a empresa exercia no mercado dos computadores pessoais.

A segunda guerra dos Browsers (2010/...)

Depois da Netscape ter sido posta de joelhos pelo império de Bill Gates, o Internet Explorer reinou soberano por um tempo. Eventualmente apareceram novos jovens geeks prontos para desenvolverem browsers e colocar a soberania do IE em xeque, mas depois da derrota da Microsoft nos tribunais americanos, ao menos todos sabiam que que Gates não iria mais destruir pequenas empresas de forma tão agressiva como havia feito com a Netscape.
Assim o sol também nasceu para o Mozila Firefox, o Safari da Apple (depois do fim do acordo com a Microsoft), o Opera, o Google Chrome, etc, etc... Tudo estava bem e todos estavam felizes, ou ao menos era o que eu achava.
Nos últimos meses tenho acompanhado diversas noticias em sites e revistas especializados em informática traçando comparativos entre os browsers que estão no mercado. A grande questão agora é velocidade versus tamanho, e a cada semana que passa o cerco se aperta mais, forçando os desenvolvedores passarem noites em claro a base de pizza e Coca-Cola melhorando seus filhotes.
O site Lifehacker foi um dos que foram mais longe nestes comparativos, publicando artigos com comparações em ambiente Windows e Mac.
Uma nova guerra dos browsers começa a acontecer, mas dessa vez de forma completamente diferente e, o melhor, de forma sadia. Não estão envolvidos aqui as cifras milionárias que rolam por Wall Street, mas sim a experiência dos usuários. Somos nós que estamos pressionando os desenvolvedores para termos melhores produtos. O Firefox já lançou algumas atualizações desde que o IE 8 foi lançado e a mídia começou a fazer esses comparativos. O Safari 5.0 acabou de sair do forno, e claro que o Opera e o Google Chrome também não estão dando moleza aos rivais.
Eu particularmente acho que a escolha de um browser é como a escolha de um Sistema Operacional, onde eu defendo que tudo depende do uso. Se você é designer não tem razão para não usar um Mac, da mesma forma que desenvolvedores de Web Sites são fãs do Firefox (e dos seus complementos para desenvolvimento Web), de qualquer forma estamos vivendo uma briga comercial das boas e no final, ao contrário da primeira guerra dos browsers, seremos nós os usuários, os grandes vencedores.
E você? Qual é seu navegador favorito?

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